Pharmaceutical Technology Brasil Ed. 1-23

Pharmaceutical Technology 14 Edição Brasileira - Vol. 27 / Nº1 Uma valiosa caixa de ferramentas Colocando em termos leigos, Salvatore Mercuri, diretor associado, NPI & MSAT, Lonza Small Molecules, observa que a engenharia de partículas é um meio de reduzir o tamanho das partículas de uma substância medicamentosa para que a área de superfície possa ser aumentada. “Agora, o motivo da redução do tamanho pode variar de acordo com o perfil do medicamento alvo”, diz. “Entre esses mo- tivos pode estar aumentar a solubilidade e a biodisponibilidade de uma molécula pequena, reduzi-la a um tamanho espe- cífico para otimizá-la para um formato de entrega, como em um inalador de pó seco, ou melhorar a uniformidade do conteúdo”. O controle das propriedades das par- tículas de medicamentos para fins de entrega foi estabelecido em meados do século 20, continua York, quando produtos como inaladores doseados e inaladores de pó seco foram introduzidos. “Aqui, o principal requisito era produzir formulações contendo partículas de me- dicamentos de tamanho mícron, ou que gerassem gotículas de aerossol líquido de tamanho semelhante, que são requeridos para depositar nos pulmões um fármaco para tratamento localizado”, observa. “A preocupação semelhante com o controle do tamanho das partículas, bem como as diferentes características de dissolução das formas cristalinas e amorfas, já havia sido reconhecida nessa época para a gama de produtos de injeção de insulina, para alcançar o tratamento eficaz em dife- rentes períodos de tempo em pacientes diabéticos”. Ao mesmo tempo, Michael Morgen, diretor de P & D da Lonza Small Molecules, enfatiza a importância de lembrar a ampla variedade de atividades incorporadas à engenharia de partículas. “A engenharia de partículas é um conjunto amplo e va- riado de recursos para o desenvolvimento de medicamentos, utilizado para resolver alguns dos problemas mais difíceis”, diz ele. “Isso a torna uma valiosa caixa de ferramentas de soluções para uma empre- sa farmacêutica ou CDMO [organização de desenvolvimento e fabricação por contrato]”. “De uma perspectiva de alto nível”, continua Morgen, “a engenharia de partículas é uma recurso que permite controlar o tamanho, a morfologia, a com- posição [e] a atividade das partículas, para abordar vários desafios de administração de medicamentos. Entre outras coisas, um objetivo potencial é controlar o tamanho e a morfologia das partículas para controlar a distribuição in vivo (como nos pulmões) ou controlar a taxa de dissolução. Outro é controlar a atividade do fármaco, como visto em dispersões secas por spray”. Ainda mais recentemente, York aponta que o objetivo da engenharia de partículas se ampliou ainda mais para que os desen- volvedores possam lidar com produtos químicos desafiadores. “O conceito de engenharia de partículas de fármacos catalisou a evolução de estratégias al- ternativas, novas tecnologias e métodos analíticos”, diz ele. Construindo um entendimento A introdução do Sistema de Classifica- ção Biofarmacêutica (BCS) foi fundamen- tal para a engenharia de partículas, pois proporcionou o reconhecimento de duas propriedades principais dos fármacos que estavam dominando o biodesempenho, explica York. “Esta classificação surgiu da crescente consciência da frequência crescente de baixa solubilidade aquosa da maioria das novas substâncias medica- mentosas, muitas exibindo também perfis de absorção oral ruins”, diz ele. “A redução do tamanho das partículas desses fármacos tem, em muitos casos, auxiliado na formação de medicamentos eficazes, efetivos e de qualidade”, acres- centa York. “Dentro deste campo, outros aspectos importantes das propriedades de substâncias farmacológicas desafiadoras foram reconhecidos, como a variedade nas propriedades de estado sólido (por exemplo, polimorfismo, cristalinidade, biodisponibilidade), questões e direciona- mento de fármacos, bem como lidar com o número crescente de agentes biotera- pêuticos”. Construir uma compreensão do impacto das propriedades das partículas e variáveis do processo sobre atributos críticos de qualidade de um medicamento pode ser um desafio, afirma Mercuri. “Esse entendimento é importante para carac- terizar os eventos mecânicos, físicos e/ou químicos que ocorrem durante a formação de partículas”, observa ele. “No entanto, identificar os processos ideais para um IFA específico, por experimentação, pode ser muito caro e demorado. Especialmente para empresas farmacêuticas de pequeno e médio porte, com recursos limitados, essas ineficiências podem ser um grande revés em sua estratégia de comercializa- ção”. Ao lidar com aplicações avançadas de administração de medicamentos, um equilíbrio entre duas coisas precisa ser feito, especifica Morgen. “Primeiro, você deve alcançar o biodesempenho in vivo desejado, utilizando a arquitetura de par- tícula certa e composições de formulação, que podem ser muito difíceis de projetar. Então, a formulação também deve atender à estabilidade e capacidade de fabricação necessárias para um medicamento co- mercial, incluindo escalabilidade”, explica. “Equilibrar desempenho, capacidade de fabricação e estabilidade nem sempre é fácil, mas é possível com especialistas e as instalações certas”. Abordagens comuns “As duas plataformas de engenharia de partículas mais usadas são a micronização e a dispersão sólida amorfa (DSA)”, enfati- za Mercuri. “A escolha da tecnologia certa será determinada pelo IFA e pelo perfil do medicamento alvo”.

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