Pharmaceutical Technology Brasil Ed. 2-24
Pharmaceutical Technology 26 Edição Brasileira - Vol. 28 / Nº2 Os medidores foram programados para registrar as leituras de tempera- tura e umidade a cada 15 minutos, do local de partida até o destino. Foram monitorados três envios sucessivos para cada rota, com o mesmo veículo identificado e caracterizado. Os seguintes parâmetros de tempe- ratura, intervalos, tempos de viagem e TCM foram calculados empregando uma planilha de cálculo do Microsoft Office® 2016: média de temperatura (TM), total de horas da viagem; tem- peratura média de excursão (TM exc ), duração excursão, temperatura má- xima (T máx ) e mínima (T mín ) e as TCM. Os perfis de temperatura versus tempo foram calculados e traçados. Resultados e discussão O mapeamento foi realizado em quatro rotas da região Norte (1, 14. 18 e 21), sete rotas da região Nordeste (6, 8, 11, 15, 17, 19 e 20), três rotas da região Centro-Oeste (7, 12 e 13), quatro rotas da região Sudeste (2, 3, 9 e 16), duas rotas da região Sul (4 e 10) e duas rotas que abrangeram duas regiões, Sudeste/Centro-Oeste (5) e Sudeste/Norte (18). Cada veículo fez três viagens em cada rota, no mesmo mês ou no iní- cio do próximo, com exceção de duas rotas: a 2 que incluiu 2 corridas no mês de março e a terceira após 40 dias e a 21 que realizou apenas duas corridas. A localização geográfica das rotas e das regiões estão apontadas na Figura 1. As datas, duração do percurso e parâmetros termométricos de tem- peratura, TM, T mín , e T máx , tempo de excursão, TM Exc e TCM das Rotas 1 a 21 são apresentados na Tabela 3. Como pressuposto, o armazena- mento em condições controladas especificadas nas embalagens dos medicamentos não oferece, em geral, riscos à qualidade do produto, uma vez que foram extensivamente estudadas pelo fabricante. Os efeitos das excursões tem- porárias, principalmente durante o transporte, ou seja, uma carga em movimento submetida a todo tipo de estresse térmico e mecânico, são pou- co conhecidos e o tempo necessário para avaliar esses efeitos podem ser responsáveis por interdição ou descar- te indevido de medicamentos Conforme exposto, existe uma la- cuna normativa quanto aos limites de excursão de temperaturas para a Zona Climática IVb. As resoluções RDC Nº 430 de 2020 e RDC Nº 653 de 2022 da ANVISA não estabelecem limites específicos de excursão para essa zona climática, mas adotam aqueles das monografias da USP para a Zona Climática II (Tabela 2). O disposto na RDC Nº 653 admite excursões de temperatura durante o transporte, estabelecendo a necessidade de aná- lise de risco prévia para qualificação de rotas ou informações técnicas fornecidas pelos fabricantes dos medi- camentos. A USP está em processo de atualização do capítulo < 1079.2 > para especificação da TCM aplicável à Zona climática IVb. (USP 1079.2, ANVISA, 2020 e 2022). O cálculo da TCM foi utilizado por Grimm (1993) para estabelecer as condições de temperatura nos estudos de estabilidade de longa duração, de cujo trabalho deriva a temperatura de 30 ºC para Zona Climática IVb. O referido método foi reconhecido para seu uso na análise das excursões de temperatura no armazenamento e transporte de medicamentos. A TCM calculada para um longo período, com temperaturas predomi- nantemente dentro dos limites espe- cificados, reduz o seu valor e, como consequência, o impacto das excur- sões pode ser atenuado ou mascarado. No armazenamento prolongado, o cálculo pode se estender por até 30 dias, que segundo a USP, é o tempo típico de permanência do medica- mento armazenado nas organizações. Quando excursões são detectadas, é mais adequado segmentar e calcular a TCM para períodos mais curtos de até 24 horas, incluindo o período de excursão. Na Tabela 2 picos transi- tórios de até 40 ºC são permitidos e o tempo máximo de excursão entre 15-30 ºC, respeitando-se o limite da TCM, não pode ultrapassar 24 horas (USP < 1079.2 > , SEEVERS et al., 2009). Os traçados das curvas de tem- peratura versus tempo das rotas são mostrados nas Figuras 3 a 7. As curvas representam as médias dos seis pon- tos dos registros dos Data logger nos compartimentos internos das caixas distribuídas no baú. São três curvas, uma para cada viagem. Os registros de temperaturas dos Data loggers, com intervalos de 15 minutos, foram utilizados para os cálculos das TCM e outros parâmetros de temperatura. A linha horizontal vermelha é a referência da temperatura do teste de estabilidade de longa duração para a Zona Climática IVb, com valor de 30 ºC; a linha horizontal roxa superior representa a temperatura do teste de estabilidade acelerado a 40 ºC; nos quadros das figuras estão inseridos os valores da TCM, T máx , TM exc e a duração dessas excursões, para cada rota. Alguns detalhes acerca do estudo ainda podem ser apontados. Assim, na Tabela 3 podem ser observadas que, excetuando-se as Rotas 1, 2 e 3, todas as demais da 4 a 21, apresen- taram valores de T máx acima dos 30 ºC, sendo a maior de 39.8 ºC na 1ª viagem da Rota 20, da região Nordeste. TCM acima de 30 ºC foram identificadas para a 1ª (31,6 ºC) e 2ª viagem (33.2 ºC) da Rota 6, 3ª viagem (30,9 ºC) da Rota 17, e a 1ª (30,8 ºC) e 3ª viagem da Rota 20 (32,0 ºC). A 3ª viagem da Rota 20 mostrou-se a mais crítica com TCM
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